matéria de março 1969
Sexta-feira última, no. Rio, entre 20h15 E 22 horas, Bibi Ferreira e Dercy Gonçalves deram mais uma prova do prestígio feminino na TV: travaram um duelo de audiência e conseguiram que mais de 90 por cento dos aparelhos de televisão ficassem ligados para a TV Globo (Dercy) ou para a TV Tupi (Bibi).
Bem diferentes nos seus estilos, Bibi Ferreira e Dercy Gonçalves só têm três coisas em comum: trocam muito de perucas, usam óculos para ler e seus programas são exibidos no mesmo dia e hora. O público de uma é diferente do da outra. Os ricos e a classe média preferem a "sofisticada" Bibi, enquanto a classe pobre assiste à Dercy, que repete na TV seu estilo de teatro rebolado.
Em São Paulo, aos domingos, a ex-cantora Hebe Camargo bate todos os recordes: seu programa de entrevistas de quatro horas e meia é campeão de audiência em todas as classes.
Os homens por trás
Embora a TV apresente hoje mulheres de todos os tipos em todos os horários: elas dominam só na aparência: seus programas são preparados por poderosas equipes de produção, compostas de diretores, redatores, pesquisadores — todos homens.
Para fazer os shows cariocas do Bibi e Dercy, as televisões mantem equipes de reportagem que dariam para preparar um jornal semanal. A Equipe A — o grupo de produção de TV mais bem pago do País, chefiado por Tuta de Carvalho. um dos donos da Record de São Paulo — seleciona os convidados e as perguntas que Hebe muitas vezes só recebe na hora de entrar no palco. Hebe não esconde que, por isso, muitas vezes parece simplória ou se mostra desinformada em relação aos entrevistados ou aos fatos que focaliza em seu programa. Quanto a Dercy Gonçalves, recebe um "script", mas tem liberdade de improvisar "com sua capacidade histriônica", e somente ela é responsável pelos pontos de macumba que inclui no seu programa.
Já Bibi Ferreira, que canta, dança e fala muitas línguas, é disciplinada e não gosta de improvisar. Mas foi aproveitando uma ideia de momento que Hebe Camargo bateu numa noite os seus próprios recordes de audiência: sorteou no auditório uma moça "para ver como são lindos e azuis os olhos do Gunther Sachs", o marido de Brigitte Bardot, que ela entrevistava.
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