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CABALA



SEM MISTERIO Você sempre sonhou com anjos da guarda, capazes de protegê-lo e realizar seus desejos? 
Achou fascinante a idéia da Árvore da Vida, mas nunca entendeu direito como esse negócio funciona? 
Deixou seu olhar vagar pelas prateleiras de autoajuda em busca de títulos com a palavra cabala? 

Deu de cara com livros de nomes exóticos como Zohar e ficou fascinado com as possibilidades? 

Ouviu falar da lenda de golem o homem de barro, e ficou curioso para saber do que se tratava? Pensou em entrar num curso de cabala, mas ficou com medo de que fosse só para judeus?

Se respondeu sim a pelo menos uma das perguntas acima, este artigo é para você. Você que sempre quis saber mais sobre essa tal de cabala, mas não sabia a quem perguntar. 

Vamos decifra os mistérios que cercam essa milenar sabedoria judaica. Você vai entender a evolução da cabala ao longo dos séculos, conhecer seus personagens mais notórios, entrar em contato com as suas crenças, desvendar os mistérios da numerologia judaica, mergulhar na polêmica em torno da cabala pop e se espantar com os rituais criados pelos cabalistas na Idade Média.


Fogo Eterno - festa de Lag Baomer,realizado no monte Meron, em Safed, Israel, junto à tumba do rabino Shimon Bar Yochai, um dos nomes mais importantes da Cabala. Todos os anos, no mês de Maio, milhares de Judeus e Cabalistas se reunem para homenagear o mestre com fogueiras, cantos, dança e oração







PRIMEIROS PASSOS


CABALA É RELIGIÃO ?
não Mas tem tudo a ver com religião. Explica-se: a cabala é uma leitura mística das tradições do judaísmo. Quer dizer, todos os ensinamentos e postulados da cabala estão diretamente ligados à tradição judaica. Segundo os cabalistas, a Torá (a bíblia hebraica) traria ensinamentos ocultos, que seriam uma revelação de Deus sobre os segredos da Criação e do Universo.

Mas, para devendá-los, é necessário fazer uma nova leitura do texto sagrado, usando técnicas sofisticadas como a guematria (que combina letras hebraicas e números).

Com base nessa interpretação, surgiria uma nova sabedoria, com regras e textos próprios: a cabala, que tem como livros sagrados o Zohar e o Sefer Yitizirah. Mas até que ponto é possível separar a cabala do judaísmo? O assunto é polêmico.

Alguns estudiosos consideram um perigo estudar a cabala de forma independente, desvinculada da religião judaica. "Se você estuda cabala sem antes conhecer o bê-á-bá do judaísmo, corre o risco de perder o principal', diz Michel Schlesinger, da Congregação Israelista Paulista.

Já os cabalistas mais modernos acreditam que não é preciso ter contato com as tradições judaicas para entender os princípios básicos. "Desde o início, a cabala sempre foi pensada como sabedoria, não como religião", diz o rabino Yehuda Berg, diretor do Kabbalah Centre International. "Qualquer um pode estudar, seja qual for o seu credo."


Os cabalistas acreditam em Deus?

sim mas é um Deus um Pouco diferente daquele com o qual nos estamos acostumados. Dentro das religiões tradicionais, Deus é visto como um ser onipotente, criador de todas as coisas.

A cabala tem outra visão: Deus, que eles preferem chamar de Ein Sof, ou Deus-Infinito, não tem corpo ou forma, e nem pode ser pensado de maneira separada do Universo. Que dizer, não existe Criador e Criação: a Criação faz parte de Deus.

Segundo uma das correntes cabalísticas mais difundidas, a luriãnica, o Universo teria surgido da seguinte forma: em algum momento, Deus-Infinito decidiu criar o mundo. Para isso, teve que se contrarir, abrindo mão de um espaço dentro de si mesmo. Nesse vácuo, ele teria lançado um raio de luz, que se partiu. Boa parte dele voltou para a fonte; o restante caiu como centelhas, que ficaram presas no mundo material - são os seres humanos, que passam toda a sua vida tentando retornar ã luz divina.

Por que os cabalistas usam uma pulseira vermelha?
a pulseira virou moda entre gente como Madonna e David Beckham depois que passou a ser vendida pelo Kabbalah Centre, um centro de estudos da cabala em Los Angeles.



De acordo com o site do centro, a pulseira (vendida por US$ 26) funcionaria como uma proteção contra o mau-olhado e as energias negativas em geral: para isso, bastaria amarrá-la no pulso esquerdo. O amuleto tem origem em uma antiga tradição judaica.

Diz a lenda que, para garantir boa sorte, seria necessário amarrar um longo pedaço de lã vermelha 7 vezes ao redor do túmulo da matriarca bíblica Raquel, em Bethlehem. Depois, essa lã deveria ser cortada em pedaços e amarrada no pulso esquerdo: o procedimento garantiria a proteção contra todos os males.


E EM REENCARNAÇÃO?
Sim mas é uma questão polêmica, já que a reencarnação não é aceita pela maior parte das correntes do judaísmo. Segundo os estudiosos, a reencarnação sempre foi uma parte integral da cabala - o conceito já estava presente no Zohar, o livro fundamental do misticismo, publicado no século 16.

Mas, ao contrário de outras crenças, os cabalistas não veem a reencarnação como um castigo ou punição pelos erros cometidos em vidas passadas. Ao contrário: a reencarnação seria um privilégio, uma chance a mais para conseguir retornar à luz divina, que seria a origem e o destino de todos os homens de bem. A idéia é que, para voltar a se unir com o Criador, o homem precisa, antes, alcançar a iluminação.

Caso ele consiga chegar lá em uma única vida, a reencarnação não será necessária. Mas, se uma pessoa está no caminho da luz e morre antes de completá-lo, ela receberá novas chances, podendo reencarnar. Dessa maneira, o trabalho incompleto será carregado para uma vida futura, até que a tarefa da transformação seja realizada e ela possa se unir a Deus.



O que são números cabalísticos?
A expressão "números cabalísticos", a rigor, não faz sentido. De acordo com o misticismo judaico, cada número tem o seu significado e o seu porquê - logo, todos os números são "cabalísticos".

Uma das técnicas mais importantes usadas pela cabala para desvendar os segredos da Tora (a biblia judaica) é a guematria, ou numerologia judaica. Por essa técnica, é possível associar as letras do alfabeto hebraico com os números, por meio de uma série de cálculos, e chegar a novas interpretações do texto sagrado.

Nesses cálculos, todos os números têm uma função específica. É verdade, porém, que alguns deles têm um significado especial dentro da cabala.

É o caso do número 1, que significa o verdadeiro e único Deus, do número 7, que simboliza o dia em que Deus descansou após sua obra (e também a pausa do Shabat), do número 10, considerado um número perfeito, que atrai a presença divina, e do número 32, resultado da soma das 22 letras do alfabeto com as 10 sefirot da Árvore da Vida.

OS ANJOS FAZEM PARTE DO MISTICISMO JUDAICO?

sim ao longo dos séculos diversos textos sagrados fizeram alusão à existência desses seres, que habitariam uma dimensão invisível, chamada de mundo intermediário. Segundo o Zohar, os anjos teriam sido criados no mesmo dia em que os homens: sua função era servir de mensageiros entre o plano divino e os seres humanos.

Na Idade Média, uma corrente chamada cabala prática sugeria que seria possível invocar esses anjos para pedir ajuda ou orientação. Para isso, seria necessário seguir determinados rituais, que envolviam comandos verbais, lidos em voz alta.


Recentemente, uma onda de livros populares voltados ã cabala retomou o tema, defendendo que seria possível, através de meditações e orações, invocar um anjo e pedir sua ajuda para resolver questões práticas.






Por que tantas celebridades procuram a cabala?


O ator Ashton Kutcher conversa com Yehuda Ber, diretor dp Kabbalah Center, durante evendo em Nova York










O fenômeno se repete há anos: toda vez que um misticismo vira moda, um número razoável de celebridades entra na onda. No caso da cabala, dois fatores contribuem para que a corrente mística seja uma das preferidas entre os famosos.

Em primeiro lugar, a cabala pop defende a ideia de que é preciso primeiro receber para, depois, compartilhar. Quer dizer, não há nada de errado em desejar dinheiro, fama, sucesso etc desde que saibamos compartilhar isso com os nossos semelhantes. Ponto para as celebridades, que se livram, da culpa e ainda podem dizer que estão zelando pela sua espiritualidade.

Em segundo lugar, a adesão em massa das celebridades faz parte de uma esperta estratégia de marketing desenvolvida pelo Kabbalah Centre, o mais famoso centro de estudos da cabala do mundo, com sede em Los Angeles: belos e glamorosos, os atores de Hollywood funcionam como chamariz perfeito para atrair novos adeptos.

A cabala tem o poder de curar doenças?

NAO A ideia de que o misticismo judaico possa interferir de maneira decisiva na saúde é recente, fruto da intensa popularização da cabala.

Nos últimos anos, o misticismo judaico ganhou um forte caráter de auto-ajuda, com o lançamento de dezenas de livros prometendo cura de doenças, aumento da fertilidade, melhor desempenho sexual, e por aí vai. Alguns desses cabalistas modernos dizem que a melhor maneira de obter ganhos para a saúde seria meditar ou passar as mãos sobre as letras hebraicas, fontes de grande poder e energia.

Para os cabalistas mais tradicionais, porém, trata-se de uma simplificação típica dos manuais de auto-ajuda. Segundo a antiga sabedoria judaica, as 22 letras do alfabeto hebraico são mesmo poderosas, já que teriam sido usadas por Deus como matéria-prima para criar o Universo. Por isso mesmo, as letras podem (e devem) ser usadas como instrumento de interpretação e meditação, para aumentar o autoconhecimento. Mas daí a curar doenças ou melhorar a perfomance na cama vai uma longa distância...


NOMES DA CABALA
Para entender a evolução da cabala, é fundamental conhecer os personagens que ajudaram a escrever essa história: um místico judeu que passou 13 anos vivendo em uma caverna, encontrou a iluminação e saiu de lá para apresentar a cabala ao mundo; um rabino espanhol que levou fama de falsário ao divulgar, na Europa medieval, cópias do Zohar; o Leão da cabala, que renovou a tradição mística judaica e foi considerado um visionário; e a família americana que rompeu com um costume milenar ao tornar a cabala acessível a pessoas de qualquer credo,



Shimon bar Yochai




QUEM FOI
Uma figura lendária ou um sábio de carne e osso que viveu na Judeia do século 2? O rabino Shimon bar Yochai é um dos personagens mais conhecidos da cabala: seu nome tem sido mencionado, geração após geração, em narrativas orais, além de estar presente nos registros do Talmud (livro de comentários e interpretações sobre a Torá). Conta-se que ele vivia na Judeia na época em que essa região era uma província do Império Romano. Os judeus sofriam com a falta de liberdade religiosa e o rabino, inconformado, fazia críticas contundentes ao então imperador Adriano. Por causa disso, teria sido condenado à morte, mas escapou ao se esconder em uma caverna nas montanhas da Galileia, ao lado do filho Elazar. Segundo conta a tradição. os dois teriam vivido reclusos duranie 13 anos: Shimon aproveitou a situação para orar, meditar e mergulhar em profundos questionamentos espirituais. Até que, certo dia, teria recebido os ensinamentos da cabala diretamente do profeta bíblico Elias.

0 QUE FEZ PELA CABALA
foi primeiro mestre a ensinar publicamente essa tradição, segundo os cabalistas. Conta-se que, após a morte do imperador Adriano, ele saiu da caverna e se espantou com o mundo que viu. "Como as pessoas podem se envolver nos afazeres desse mundo e esquecer os assuntos do outro mundo?", perguntou ao filho. Foi aí que decidiu passar adiante os ensinamentos que recebera de Elias. Reuniu os primeiros discípulos e falou sobre Deus, a origem do mundo e a criação dos seres humanos. Mais tarde, quando estava prestes a morrer, teria sintetizado, com a ajuda dos alunos, todos os seus conhecimentos: eles foram compilados em manuscritos que percorreriam o mundo com o nome de Zohar. Estudiosos discordam dessa versão, dizendo que o livro só foi produzido séculos depois, na Idade Média, pelo rabino espanhol Moisés de León.

COMO É LEMBRADO
É considerado um dos mais importantes sábios do judaísmo. Sua história e seus feitos são descritos no Zohar e no Talmud. 0 aniversário de sua morte é celebrado no feriado de Lag Baomer, em maio. Na ocasião, milhares de judeus visitam seu túmulo em Safed, na região norte de Israel, e acendem velas para homenagear o homem que teria trazido a luz da cabala para o mundo.




Moisés de León


QUEM FOI
Nascido de uma família humilde em 1250, Moisés de León passou os primeiros anos de vida entre León. Guadalajara e Ávila, na Espanha. Depois de se tomar rabino, desenvolveu um forte interesse pela literatura mística judaica. Escreveu diversos textos sobre o assunto, mas nada que chamasse a atenção dos sábios judaicos. A fama só chegou quando, certo dia, ele passou a distribuir manuscritos em aramaico para os seus colegas. Indagado sobre a origem do material, Moisés teria dito que eram trechos copiados do Zohar, o livro cabalista atribuído ao rabino Shimon bar Yochai, que teria vivido no século 2.

O QUE FEZ PELA CABALA
Quando Moisés de León disse que havia descoberto os manuscritos originais do famoso Livro do Esplendor, provocou furor entre os estudiosos. Alguns comemoravam a descoberta, que consideravam histórica. Outros passaram a acusá-lo de falsário: afinal, o rabino jamais mostrou os originais a quem quer que fosse. Hoje, a maior parte dos estudiosos acredita que ele é o verdadeiro autor dos manuscritos. E há quem argumente que o material apresentado por ele foi escrito em parceria com outros cabalistas da Idade Média. Seja como for, sua contribuição para a tradição mística do judaísmo é inquestionável.

COMO É LEMBRADO
Moisés não ganhou memorial, feriado ou homenagem póstuma. A fama de falsário rondou seu nome por muito tempo. No século 16, os manuscritos que ele fez circular na Espanha foram finalmente reunidos e impressos em forma de livro. 0 Zohar, o Livro do Esplendor, passou a circular o mundo e, desde então, é considerada a obra fundamental da cabala.


Isaac Luria




QUEM FOI
Descendente de uma família alemã, Isaac ben Solomon Luria nasceu em Jerusalém em 1534. Depois de perder o pai ainda criança, foi morar com o irmão de sua mãe na cidade do Cairo, no Egito. Rabino, o tio de Isaac apresentou a ele as principais obras da literatura sagrada judaica. Conta-se que o menino passou a ler a Torá e, em pouco tempo, já discutia com os adultos as tradições judaicas. Aos 15 anos, Isaac casou com sua prima e foi morar numa pequena ilha no rio Nilo. Diz a lenda que, nessa época, um exemplar do Zohar foi parar em suas mãos. Ele teria ficado tão impressionado que passou a se dedicar inteiramente ao seu estudo.

O QUE FEZ PELA CABALA
Aos 36 anos, Isaac mudou-se para a cidade israelense de Safed, que havia se transformado na capital mundial da cabala ao receber os judeus expulsos da Espanha na época da Inquisição.
Permaneceu ali pouco mais de dois anos, tempo suficiente para renovar o misticismo judaico. Responsável pela criação de uma nova linha da cabala, chamada de luriãnica, introduziu a idéia do tikum ("reparo"), segundo a qual a luz divina, no momento da criação, estilhaçou-se em partículas que permearam o mundo material. A tarefa dos seres humanos seria libertar essas centelhas, para que elas retornassem à sua origem.

COMO É LEMBRADO
Falecido em 1572, Isaac deixou poucos escritos. Mas a maior parte de seus ensinamentos foi registrada por discípulos como o rabino Chaim Vidal. Quando esses escritos ganharam o mundo, Luria passou a ser visto como um visionário.


FAMILIA BERG


QUEM SÃO
Juntos, Philip, Karen, Yehuda e Michael Berg são os responsáveis pelo Kabbalah Centre International, uma rede com 50 centros de estudo de cabala espalhados pelo planeta. Shraga Feivel Gruberger
• é o verdadeiro nome de Philip. Nascido em 1929 em Nova York, aos 21 anos ordenou-se rabino. Casou, teve 8 filhos e passou a levar uma vida pacata como vendedor de seguros no bairro do Brooklyn. Até que, em 1962, decidiu mudar tudo, separou-se da mulher e partiu para Israel. Na terra de seus ancestrais, ele conheceu o Kabbalah Centre original, do qual se tornaria diretor em 1971. Em 1984, decidiu levar a idéia para os EUA, fundando o Kabbalah Centre de Los Angeles ao lado da segunda esposa, Karen. Mais tarde, os filhos Michael e Yehuda passariam a comandar o negócio, ajudando a expandir a instituição para o resto do mundo (com direito a dois endereços no Brasil, no Rio e em São Paulo). Porta-voz da cabala pop Yehuda Berg acabou atraindo para o centro celebridades como a cantora Madonna e a atriz Demi Moore} que ajudaram a popularizar ainda mais a cabala.

O QUE FIZERAM PELA CABALA
A família Berg criou uma versão pop do misticismo judaico. Durante muito tempo, a tradição era transmitida apenas a seletos grupos de iniciados - judeus com mais de 40 anos que tinham comprovado conhecimento da literatura sagrada. Philip, o pai rompeu com essa aura secreta e passou a ensinar a cabala a quem desejasse.

De acordo com a sua visão, os ensinamentos da cabala podem ser simplificados e aplicados em situações práticas, para resolver problemas profissionais, familiares ou mesmo de saúde.

COMO SERÃO LEMBRADOS
Ainda é cedo para dizer. Por enquanto, eles dividem opiniões: há quem veja seus feitos com admiração; outros, com desconfiança. Os admiradores aplaudem a coragem da família Berg em tirar a cabala de seu círculo fechado e traduzir esses ensinamentos para o público leigo. Já os críticos torcem o nariz para a roupagem de auto-ajuda que eles imprimiram à tradição judaica. A comercialização de produtos pelo Kabbalah Centre também provoca polêmica: há quem diga que seus donos faturam alto com a venda de amuletos e bebidas milagrosas. Que os Bergs têm um lugar cativo na história da cabala, ninguém duvida. Mas só o tempo vai dizer se serão lembrados como heróis ou vilões.




CABALA - O MISTICISMO JUDAICO REVELADO


Qual a origem do Universo? Por que estamos aqui? De onde vem a vida? O que acontece depois da morte? Imagine se você pudesse fazer todas essas perguntas diretamente para a autoridade máxima no assunto. Isso mesmo: que tal ter uma conversa com Deus e ouvir dele todas as respostas? 


Agora imagine que as respostas já existem, e foram passadas de geração a geração por um grupo de sábios estudiosos, do início dos tempos até os dias de hoje. Pois essa é a definição da cabala: uma revelação feita por Deus para os homens, capaz de esclarecer todos os mistérios que rondam a humanidade. 


Conheça aqui a história do misticismo judaico e saiba como a cabala está conquistando o planeta













A CABALA NO TEMPO
Conheça a evolução da corrente mística judaica, da criação do Universo até os dias de hoje.


Origem 3700a.c.
Deus cria Adão. Há quem defenda que ele teria sido o primeiro conhecedor da cabala, obtida diretamente do Criador.


Patriarca 18OOA.C.
Nasce Abraão, patriarca dos judeus, dos cristãos e dos muçulmanos. Para alguns, ele seria o primeiro conhecedor da cabala.
ÊXODO 1500 A.C.
0 profeta Moisés teria recebido a cabala diretamente de Deus no monte Sinai} juntamente com a Torá e os Mandamentos.


Templo 516A.C.
É erguido o Segundo Templo em Jerusalém. A chamada Torá Oral é transmitida ao longo dos anos.


Diáspora 7OD.C.
Perseguição romana e destruição do Segundo Templo. 
Segunda diáspora. Cabala é mantida em segredo.


Palácios Sec.1
É escrita a coleção de literatura judaica conhecida como Heichalot ( Os Palácios"), que inspirou motivos cabalísticos.

Manuscritos séc.2
É escrito o livro Sefer Yitizirah, a obra mais antiga do chamado esoterismo judaico. Segundo a tradição, é escrito também o Zohar, no idioma aramaico, pelo rabino Shimon bar Yochai.

Título SÉC.11
0 termo cabala passa a ser usado para identificar o misticismo judaico. Não há consenso se o pioneiro nesse uso foi o filósofo judeu Shlomo ibn Gevirol ou o cabalista espanhol Bahya ben Ahser.




Redescoberta Sec. 13
O Zohar é descoberto (ou escrito, segundo alguns estudos) e distribuído pelo escritor judeu-espanhol Moisés de León.

Vivência SÉC.I8
Fundado pelo rabino e místico judeu Baal Shem Tov, o judaísmo hassídico, ramo ortodoxo que prega a vivência mística da fé judaica, populariza uma forma mais simples de cabala no Leste Europeu.

Renovação Sec. I 6
Sábios cabalistas refugiam-se na cidade de Safedy em Israel: entre eles está Isaac Luria, criador da cabala luriánica.

Tradução SÉC. 20
o rabino Yehuda Ashlag, fundador do Kabbalah Centre de Israel, completa em 1922 a primeira tradução do Zohar para o hebraico moderno. Em 1984, Philip Berg funda o Kabbalah Centre de Los Angeles.




Ao acompanhar esta linha do tempo, você vai notar algumas discrepancias entre o que dizem as tradições judaicas e a opinião dos estudiosos. 
O caso mais exemplar é o do Zohar: no século 13, Moisés de León distribuiu a primeira versão escrita da obra, alegando que havia encontrado os manuscritos originais, do século 2. 
Conta-se, porém, que um homem rico ofereceu à viúva de Moisés de León uma alta soma de dinheiro pelos originais. Desolada, ela teria confessado que seu marido era o verdadeiro autor.



No princípio, Deus criou os céus e a Terra. "Faça-se a luz", e a luz foi feita. 
Depois, Deus criou o homem e o chamou Adão. Findos os 7 dias da Criação, o Senhor viu que tinha feito algo bom. O homem habitava o paraíso e tinha contato direto e constante com Ele.


E daí Deus resolveu passar ao homem toda a sabedoria da cabala. "Adão conhecia a cabala", dizem alguns praticantes. 


O assunto, porém, é controverso entre os próprios cabalistas. Teria o conhecimento da cabala sido passado de Adão a seus descendentes até Noé, depois até Abraão, Moisés e em seguida aos grandes mestres históricos, que selecionavam rigorosamente aqueles que estariam aptos a ser seus discípulos? 




Não há consenso sobre o momento em que a cabala foi revelada ao homem, mas todos os cabalistas concordam que o ensinamento sagrado veio diretamente do Criador, assim como os 613 mandamentos judaicos contidos na Torá, a bíblia judaica, que os cristãos chamam de Pentateuco. "A cabala é além do tempo, ela não tem nem começo nem fim", diz o rabino israelense Jose- ph Saltoun, ex-professor do Centro de Estudos da Cabala, em São Paulo, e que hoje leciona em Vancouver, no Canadá.




Mas, afinal, o que é a cabala? Bem, para tornar mais simples a tarefa de explicar, vamos começar dizendo o que ela não é. Ok, cabala NÃO É religião, auto-ajuda, superstição, magia, bruxaria, sociedade secreta, meditação, adivinhação, interpretação de sonhos, ioga, hipnose ou espiritismo, embora possa estar relacionada a todas essas coisas. 


Agora fica mais simples entender o que a cabala É: um conjunto de ensinamentos sobre Deus, o homem, o Universo, a Criação, o Caminho, a Verdade e coisas afins; uma revelação de Deus para o homem. "Ela nos diz por que o homem existe, por que nasce, por que vive, qual é o objetivo de sua vida, de onde vem e para onde vai quando completa sua vida neste mundo", diz Marcelo Pinto, representante do centro de cabala Bnei Baruch no Brasil. "O ser humano tem muitas questões, e a cabala é um caminho espiritual que permite trazer de volta o elo com a verdadeira origem de tudo", explica Ian Mecler, professor de cabala no Rio
de Janeiro e escritor de livros como O Poder de Realização da Cabala (Editora Mauad). 




Para Shmuel Lemle, professor da Casa da Cabala, também no Rio, "nada acontece por acaso. Existem leis de causa e efeito. Assim como existem leis físicas como a lei da gravidade, existem leis espirituais".
Independentemente de quando a cabala tenha surgido, o modo como a conhecemos hoje é o resultado da transmissão desses ensinamentos por meio da tradição judaica. 




A palavra cabala (cuja pronúncia mais próxima do original é "cabalá") significa receber/recebimento. A cabala é uma forma de misticismo, pois ensina que é possível ao homem ter contato direto com esferas superiores da realidade, ou mesmo com manifestações do próprio Criador. Portanto, de um modo simplificado, a cabala é o misticismo judaico, ou a corrente mística ligada à tradição do judaísmo, para ser mais exato.




UNIÃO COM O CRIADOR
Grosso modo, a cabala está para o judaísmo assim como o gnosticismo está para o cristianismo e o sufismo está para o islã. Gnosticismo e sufismo são as correntes místicas ligadas respectivamente às tradições cristã e muçulmana. 


Como misticismos, essas 3 correntes têm muito em comum. A maior parte das diferenças está no modo de transmissão do conhecimento, adaptado à tradição em que aquele tipo de misticismo se desenvolveu. Esse raciocínio não vale apenas para as 3 religiões chamadas abraâmicas (por serem todas herdeiras do patriarca Abraão) mas também para as místicas orientais, como hinduísmo, tao e budismo, além do zoroastrismo na Pérsia, só para citar as mais conhecidas.




Se a cabala é um tipo de misticismo, talvez seja o caso de explicar: o que é misticismo? Em poucas palavras, é a crença na possibilidade de percepção, identidade, comunhão ou união com uma realidade superior, representada como divindade(s), verdade espiritual ou o próprio Deus único, por meio de forte intuição ou de experiência direta em vida. Na intenção de atingir esse tipo de experiência, as tradições místicas fornecem ensinamentos e práticas específicos, como meditação e aperfeiçoamento pessoal consciente.


Nosso foco neste artigo, a cabala, não é exceção. Para entender melhor, vamos dar uma espiada no passado?


TRADIÇÃO ORAL
Seja qual for o primeiro e privilegiado homem a ter recebido o conhecimento esotérico da cabala, ninguém discute que os ensinamentos foram transmitidos oralmente ao longo de muitas gerações, até que alguém resolvesse eternizá-los na escrita. 




Os primeiros escritos conhecidos com referências a esses ensinamentos datam do século 1. São livretos reunidos numa coleção chamada Heichalot ("Os Palácios"), que versam sobre os passos necessários para ascender evolutivamente através de 7 palácios celestiais, com ajuda de espíritos angelicais. 




Mas os livros mais importantes da cabala são o Sefer Yitizirah (Livro da Criação) e o Zohar (Livro do Esplendor), ambos de origem incerta. O primeiro teria sido escrito no século 2, mas seu autor é desconhecido. No caso do Zohar, a situação é ainda mais complexa. 




Para alguns cabalistas, ele foi escrito pelo rabino Shimon bar Yochai, também no século 2. A maioria dos estudiosos, porém, acredita que o Livro do Esplendor seja de autoria do escritor judeu espanhol Moisés de León, que divulgou os manuscritos no século 13.




Embora o Sefer Yitizirah e o Zohar concentrem em suas páginas os principais ensinamentos da cabala, é importante lembrar que a Torá é tão importante quanto eles. Isso porque, segundo a cabala, a Torá contém ensinamentos preciosos codificados dentro do texto sagrado - decifrar esses ensinamentos ocultos é, por sinal, um dos principais propósitos do misticismo judaico. 




Uma das maneiras de interpretar a bíblia hebraica é recorrer a códigos e números: a guematria, a face matemática da cabala, atribui valores numéricos a cada uma das 22 letras do alfabeto hebraico. A ordenação dessas letras no texto bíblico seria uma das maneiras que Deus teria encontrado para revelar ao homem os segredos do Universo.




As interpretações da Torá são tão importantes que foram divididas em 4 níveis de profundidade. O primeiro nível, Peshat, é aquele com que todos leitores estão acostumados, mais simples, que compreende o sentido literal do texto. 


O segundo, Remez, já considera os significados alegóricos da linguagem (alusões). No terceiro nível, Derash, entram comparações entre trechos similares e metáforas. 




O último nível seria aquele que compreende o sentido secreto e misterioso da mensagem divina: Sod. Juntos, os nomes das interpretações já possuem um significado próprio. Combinando-se as primeiras letras de cada um, obtém-se a palavra PaRDeS, que significa paraíso e remete à finalidade última do esforço de interpretação. 




Isto é, ao finalmente compreender a mensagem que Deus colocou nos textos sagrados, o cabalista receberia de volta o conhecimento do paraíso, como se lhe fosse devolvida a chave para retornar ao Éden, do qual Adão foi expulso por desobediência. "É como uma gota retornando ao oceano, de volta à realidade divina. Não é um processo fácil1', diz o rabino Leonardo Alana- ti, da Congregação Israelita Mineira.




MESTRES E DISCÍPULOS
Durante séculos, especialmente após a destruição do Segundo Templo em Jerusalém pelos romanos, no ano 70, a sabedoria da cabala foi cuidadosamente transmitida por mestres iluminados somente a pequenos grupos de seus discípulos mais brilhantes e inspirados", conta Alanati. 




Os discípulos ideais eram homens maduros (mais de 40 anos), pais de família, de comportamento exemplar e ávidos por descobrir os segredos do Universo. Não eram muitos, portanto, aqueles que se tornavam mestres e davam continuidade à transmissão do conhecimento oral.




Para boa parte dos cabalistas, as restrições tinham uma razão clara: o público não estava preparado para receber esses ensinamentos. "Esse é o principal motivo para a transmissão restrita", opina Mecler. "Hoje, a evolução da ciência ajuda a compreender muitos dos ensinamentos antigos", diz. Mas o motivo de tanto segredo não era somente a escassez de discípulos ideais. 




Em diversas épocas, por razões diferentes, os judeus foram proibidos de professar publicamente sua fé - a perseguição aos cabalistas atingiu o clímax no século 16, durante a Inquisição espanhola. Além disso, "a cabala contém uma reinterpretação revolucionária do texto bíblico, que usa uma simbologia complexa e uma linguagem ambígua", diz Alanati. 


por causa disso, em muitas ocasiões os cabalistas foram considerados hereges. Até hoje, o estudo da cabala é condenado por várias vertentes do judaísmo.


Entre o período final da Idade Média e o fim da Idade Moderna, houve um ressurgimento da cabala. No século 13, o Zohar foi distribuído pelo escritor espanhol Moisés de León; no século 16, os conhecimentos foram sistematizados pelo místico Moisés Cordovero, um dos sábios a se refugiar na cidade israelense de Safed; em seguida, Isaac Luria divulgou novas interpretações dos ensinamentos, que foram espalhados por vários mestres pela Europa, fazendo da cabala a teologia dominante em círculos escolásticos e no imaginário popular judaico; e, no século 18,o rabino Baal Shem Tov fundou o hassidismo, variante ortodoxa do judaísmo que ensinava uma versão mais "fácil" da cabala. 




De todo modo, "a essência é a mesma há 4 mil anos", diz Mecler. "O conhecimento não muda, assim como as leis da física não mudam. Muda só a forma de transmitir", diz Lemle.
Hoje, com o advento da internet, o conhecimento da cabala é acessível a qualquer interessado, ainda que de forma simplificada. "Estamos prontos, então a hora chegou", conclama Lemle. Nos séculos 20 e 21, foram feitas diversas traduções do Zohar para o hebraico moderno (o idioma original é o aramaico) e para o inglês (não existe uma versão completa em português). 




Mas o fator que mais contribuiu para a popularização da mística judaica foi a recente adesão (desde a década de 1990) de celebridades como Madonna, Mick Jagger, David Bechkam, Britney Spears e outras.
A organização responsável pelo surgimento da cabala pop é o Kabbalah Centre, uma escola de cabala fundada em 1984 na cidade de Los Angeles. Lá, como você pôde perceber ao ler o nome dos famosos, o acesso aos ensinamentos não é restrito a judeus. "Temos alunos de várias religiões", diz Yehuda Berg, um dos coordenadores do centro americano. "Não vejo problema nisso."




Nem todos estudiosos aceitam a idéia de que a cabala deva ser acessível a todos. A atitude do Kabbalah Centre provocou reações indignadas de cabalistas mais tradicionais, como o iraquiano Yitzhak Kadouri, um dos mais importantes estudiosos da cabala no último século. "A cabala não é moda", disse em 2004, comentando a adesão de Madonna ao misticismo. "Ela deve ser estudada somente por judeus."




Controvérsias à parte, a verdade é que a cabala ganhou milhares de aspirantes de diversas religiões nos últimos anos. Mas essa não é a primeira vez que acontece esse tipo de "sincretismo". Veja a seguir como diversas crenças e religiões encontraram na cabala uma parceira de peso.


PARCERIAS PODEROSAS
Durante o Renascimento, a cabala despertou interesse de grupos místicos cristãos, intrigados com a compatibilidade entre as duas tradições. 
O resultado foi a criação da cabala cristã (ou católica), que levou novos níveis de interpretação aos textos sagrados cristãos. "Considero Jesus um mestre de cabala", diz Mecler. Um sincretismo mais profundo resultou no surgimento da chamada cabala hermética, que reúne ensinamentos de gnosticismo, alquimia, astrologia, religiões egípcia, greco-romana e pagãs, taro, tantra, maçonaria, hermeticismo, neoplatonismo, hinduísmo e budismo, em uma espécie de síntese de todas as tradições místicas ditas autênticas. 




Outra variante é a cabala prática, que trabalhava com o uso da magia, incluindo a criação de amuletos e encantamentos, e teve seu apogeu na Idade Média.


Mas, além dessas tradições cabalísticas distintas, a própria cabala judaica tem diferentes correntes. Uma delas é a já citada cabala pop. Outra variante tem como expoente o Bnei Baruch Kabbalah Education & Research Institute, fundado em 1991. Autodenominado o maior grupo de cabalistas em Israel, o Bnei Baruch não considera a cabala um misticismo, mas "uma ferramenta científica para o estudo do mundo espiritual".


A proposta deles para compreender o Universo é aliar os estudos científicos da física, da química e da biologia às ferramentas cabalísticas. Seu fundador e atual diretor, o filósofo Michael Laitman, é Ph.D. em cabala pela Academia Russa de Ciências e mestre em biocibernética médica.


Além dessas e, claro, do judaísmo hassídico, existem outras correntes - mais conservadoras, mais literais, mais flexíveis... "Cada escola se liga mais em um ou outro mestre", esclarece Mecler. As diferenças são na ênfase em cada aspecto da sabedoria, mas todas seguem a base comum dos textos sagrados e da tradição oral. "Existem muitos mestres, e cada um pode escolher aquele com o qual se identifica, mas não há diferença na base do ensinamento", diz Lemle. Afinal, como costumam dizer, "a Verdade é uma só". Que tal conhecer um pouco dela?


DEUS-INFINITO
Assim como a religião judaica, a cabala afirma que tudo o que existe vem de Deus. Entretanto, o Deus único não é compreendido exatamente da mesma maneira. Se, para a religião tradicional, Deus é o todo-poderoso Criador de todas as coisas, para a cabala Ele não é somente o Criador mas é também a Criação. 
Ou seja, a Criação não é dissociada do Criador, mas parte d'Ele.




A existência de Deus não seria, portanto, distinta do espaço e do tempo; o espaço e o tempo estariam contidos no próprio Deus-Infinito. Mas não vá pensando que já entendeu, porque isso não é assim tão simples. 


E nem imagine que essas racionalizações vão proporcionar a você um entendimento profundo de Deus. Por um simples fato: segundo a cabala, ou mesmo a religião judaica, o Deus-Infinito não pode ser compreendido pela nossa mente física limitada.




Claro que, apesar disso, os cabalistas não deixam de estudar esses ensinamentos, porque os consideram fundamentais para prosseguir no caminho da evolução espiritual. Um dos estudos mais importantes é justamente o que diz respeito à natureza da divindade.


Para começar, os cabalistas preferem o termo Deus-Infinito - uma tradução para Ein Sof aquele que veio antes de tudo, que precede a Criação. 


Veja o que diz o Zohcir sobre o Ein Sof "Antes de dar qualquer formato ao mundo, antes de produzir qualquer forma, Ele estava só, sem forma e sem semelhança com qualquer outra coisa. Quem então pode compreender como Ele era antes da Criação? Por isso é proibido emprestar-Lhe qualquer forma ou similitude, ou mesmo chamá-Lo pelo Seu nome sagrado, ou indicá-Lo por uma simples letra ou um único ponto... Mas, depois que Ele criou a forma do Homem Celestial, Ele a usou como um veículo por onde descer, e Ele deseja ser chamado por Sua forma, que é o nome sagrado 'YHWH'".




Pode parecer estranho não poder dar um nome a Deus, tornando-o de certa maneira inacessível para os homens. Afinal, se é assim, como pode existir uma experiência mística que permite esse acesso? Bem, a cabala explica que o contato com Deus é realizado indiretamente, por meio de um de seus desdobramentos. "Para tornar-se ativo e criativo, 


Deus criou as 10 sefirot ou emanações. As sefirot formam a Árvore da Vida, que representa os aspectos de Deus existentes dentro de nós", explica o rabino Alanati. Ou seja, uma maneira de ter o contato místico com Deus é através de uma das 10 sefirot, as mesmas representadas no famoso diagrama. Alanati explica que as 7 esferas mais baixas estão diretamente relacionadas com os 7 dias da Criação descritos no livro do Gênese.
Mas como teria se dado exatamente a Criação? 




A cabala tem um livro dedicado a esse tema: o já citado Sefer Yitizircih. O texto ensina que a primeira emanação do Ein Sof foi ruach (espírito/ar), que em seguida gerou fogo, responsável por formar água. A existência real dessas substâncias potenciais foi comandada por Deus, que as utilizou como matérias-primas de toda a Criação. Por exemplo, a água deu origem à terra, o fogo originou o céu e o ar ocupou o espaço entre eles para formar nosso planeta. Ainda segundo o Sefer, o Cosmos é dividido em 3 partes (cada uma delas contendo uma combinação dos 3 elementos primordiais): o mundo (ou, com alguma abstração, o espaço), o ano (tempo) e o homem.




A cabala divide o Universo em 4 planos de existência, divididos hierarquicamente a partir da emanação do Ein Sof até nós. Nessa ordem, teríamos então: o Atziluth (Mundo da Emanação ou das Causas), que recebe a luz diretamente do Ein Sof; o BerVah (Mundo da Criação), onde não há matéria e onde moram os anjos de mais alta hierarquia; o Yitizirah (Mundo da Formação), onde a Criação assume forma material; e o Assiah (Mundo da Ação), onde se completa a Criação e se localiza todo o Universo físico e suas criaturas.


No sistema luriânico, um quinto mundo é mencionado, acima do primeiro, e que serviria de mediação entre o Ein Sofe o Mundo da Emanação.


PLANOS SUPERIORES
É curioso observar que, na cabala luriânica, desenvolvida no século 16 pelo rabino Isaac Luria, há um conceito que lembra a Teoria do Big Bang. Segundo essa linha cabalística, a primeira ação de Ein Sof para criar o Universo teria sido uma contração sobre si mesmo, que teria provocado uma catástrofe inicial chamada tohu, gerando um vácuo. 


Em seguida, esse váculo teria sido preenchido com as emanações divinas (de uma maneira explosiva, tendo em vista a grande velocidade dos acontecimentos narrados) e, a seguir, "retificado" nos mundos que você conheceu no parágrafo anterior.


Enquanto estiver no Mundo da Ação, o homem está sujeito a dirigir o corpo físico que lhe foi concedido, mas seu objetivo deve ser sempre o mesmo: aprender e evoluir para ascender aos planos superiores. "O judaísmo acredita que a alma é eterna e subdividida", diz Alanati. "A vida continua em outras realidades além da nossa, aguardando a ressurreição. 




A cabala é a única corrente dentro do judaísmo que defende o conceito de reencarnação: algumas almas retornam a este mundo em outro corpo, até acabar de cumprir a sua missão. Ou então elas voltam para nos trazer bênçãos e luz através de seu ser altamente desenvolvido". Segundo ele, seria possível uma alma atingir o estágio de evolução necessário em uma única vida, mas é comum receber mais algumas chances, num processo de reencarnação que também faz parte dos aprendizados evolutivos.




Segundo a cabala, a alma humana é dividida em 3 partes básicas. A mais "baixa", chamada nefesh, é a parte animal, responsável pelos instintos e reflexos corporais. Acima dessa estaria ruach, o espírito ou alma média, que contém as virtudes morais e a habilidade de distinguir o que é bom e o que é ruim. 
A alma alta, neshamah, seria a terceira parte, que representa o intelecto e distingue o homem das outras formas de vida, por permitir a vida após a morte. É a neshamah que permite a percepção da existência de Deus.


Outras duas partes da alma humana são discutidas no Zohar: chayyah, que permite a consciência da força divina, e yehidah, a parte da alma que é alta o suficiente para atingir o maior nível possível de união com o Criador. "A meta é alcançar o propósito para o qual fomos criados: a equivalência de forma com a Força Superior. 


Todo o trabalho na cabala tem esse objetivo", resume Marcelo. Na hipótese remota de a humanidade finalmente se unir ao Criador, em uma fusão completa e perfeita, o que aconteceria? O fim do mundo? O começo de uma nova e gloriosa Criação? Bom, isso nem mesmo os mestres cabalistas sabem responder.

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